quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Uma vez estrangeiro, para sempre estrangeiro

Quando um estrangeiro chega pela primeira vez em um novo país, é óbvio que ele sabe onde é sua terra natal. É o lugar de onde você saiu. É o lugar onde você cresceu, foi para a escola, teve uma educação, descobriu as curiosidades da vida, fez seus melhores amigos e se relacionou com pessoas que você considera importantes.

Mas, quando você vive no exterior por muito tempo, algo estranho acontece.
Você não sente mais que sua pátria é sua “casa”. Quando você "vai para casa", algumas das mesmas pessoas e lugares estão lá, mas a vida continuou e você não fez parte dela. Quando você volta nas férias ou só para renovar as forças em seu país, você não pode simplesmente continuar de onde você largou. Você é uma visita. Uma pessoa de fora. Um convidado sem papel permanente. Seus amigos mais próximos fizeram novos amigos. Metade das pessoas de sua igreja apenas te conhecem como um item na lista de pedidos de oração. Algumas novas tecnologias, gírias, ou tendência culturais se tornaram comuns, exceto para você.

No país onde você foi morar você disse coisas como: "No meu país ...". Mas poucas pessoas locais se identificam com a sua história. Eles ouvem educadamente, mas você sabe que eles realmente não entendem. Mas tudo bem. Você se consola e pensa: "As pessoas do meu país iriam entender."



Mas, curiosamente, essas pessoas do seu país que você tinha certeza que entenderiam .... bem, eles não entendem. Agora que você está em casa, você está cheio de experiências e histórias do lugar que se tornou sua segunda casa. Você diz coisas como: "Na China ...", ou “nos EUA......” Mas, é claro, a história que você vai contar sobre suas experiências fora também serão difíceis para eles se identificarem.  Você vai falar e no final vai receber um olhar vazio dos ouvintes, as vezes ouve até um “isso é estranho”, Depois do seu conto pitoresco, as pessoas voltam a falar de futebol, ou sobre política nacional, ou qualquer outra coisa que você não tenha pensado muito nos últimos anos. Não é que eles não gostem de você. Eles gostam e eles estão contentes você está finalmente em "casa". Mas as pessoas simplesmente não podem se relacionar com suas experiências "lá fora" no país com o nome engraçado cujo povo tem nomes ainda mais engraçado (e impronunciáveis).

Quando você volta para o Brasil de férias as pessoas te perguntam: "Não é ótimo estar de volta?!" E você pensa: "Sim, mais ou menos." Agora que você já comeu algumas de suas comidas favoritas e visitou alguns velhos amigos, não há mais muito o que fazer. Você começa a sentir saudade do país onde você morou e que você aprendeu a amar, aqueles amigos, aquelas comidas (pelo menos algumas) e o seu estilo de vida.
Sua pátria não é mais sua casa e tristemente, o outro país também não é. Sua casa são os dois lugares, mas ao mesmo tempo, não é lugar nenhum.

Não importa onde você estiver, sempre sentirá saudade do outro país que deixou para trás.

Você para sempre estará preso entre dois mundos. Não podendo mais se identificar com as pessoas que ficaram para trás, mas ao mesmo tempo, nunca podem realmente se identificar com as pessoas do outro país onde você morou.


Mas tudo bem. Existem outros viajantes nesta estrada.


Fonte: http://www.dahlfred.com/index.php/blogs/gleanings-from-the-field/747-why-missionaries-can-never-go-home-again

5 comentários:

  1. Texto incrível! Mais do que me identificar, foi como se eu estivesse lendo meus próprios pensamentos :)

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  2. Otimooooo.. e digo mais minha querida amiga Karina... so de mudar de cidade ou estado ja vivo tudo isso que vc relatou.. #amazing..

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  3. KARINA, não a conheço, mas sim sua irmã Mônica que vai ser a nossa instrutora de Mandarim a partir de 25-01-2016. Sua irmã é maravilhosa e competente. O seu feito foi magnífico, e você e seus pais devem se orgulharem muito dela. Mas em relação a sua esplêndida narrativa sobre como sua vida se transformou morando tanto tempo em um país exótico como a china, e voltar ao seu país de origem para continuar a sua vida, entendo suas justificativas das dificuldades de habitua-se novamente e, por incrível que pareça, a sua assertiva é verdadeira, ou seja, o país que morou tanto tempo é sem dúvida aquele que você sente mais saudades pelos costumes, patriotismo, disciplina e amizades que cultivou, e que oferece aos seus habitantes um novo estilo de vida que eu gosto muito. Você apenas nasceu aqui no Brasil, mas o país realmente não melhorou nada em nenhum aspecto, e suas memórias passadas aqui são apenas quanto amizades de pessoas novas a maioria que deixou para trás. Você fez novas amizades na china, e o seu referencial agora é outro e melhor. Você sente saudades da china. Sem dúvidas o nosso país é talvez o país mais bonito e rico que existe na terra, mas os nossos líderes são incapazes de fazer você gostar de morar aqui. Eu senti a mesma coisa que você, e olha que eu morei apenas 5 anos na china e 26 anos no Canadá, onde me tornei canadense. Mas sou honesto em afirmar que sinto mais saudades da China, esse maravilhoso e atual nova potência mundial. Eu quis voltar para morar na china, mas a minha esposa não quis voltar e, em decorrência, eu me sinto muito mal morando no Brasil.

    Você é ainda nova, e recém casada e trabalhando em Fortaleza, mas se quer um conselho, se puder volte agora com seu marido para morar na china.

    Abraços,


    Prof. Nunes

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